Demasiadamente Humano ( Poemas e Poesias )

DEMASIADAMENTE HUMANO
.
Quase que me afogo
Na confluência dos rios do meu desespero
Mais uma vez as águas não foram tão fortes
E pude repousar na margem macia
Na praia morena de teu corpo.
.
A noite sempre oculta os pecados
Menos o brilho de minhas lágrimas carecentes
A luzirem como estrelas melancólicas.
Nas rédeas da noite do puraquê
Onde as pedras nunca dormem
Lancei meu carinho à deriva.
.
De repente se fez o efêmero silêncio
Pois palavras são demasiadamente humanas
Aplaquei meu desejo em tua boca ávida
E língua ofídica de lambuzar
Nos seios arrecifados com cume púrpuro
E umbigo de ipueira transpatente
No ventre bordejado de prazer
Nas pernas de palafitas tentaculares
Nos teus pêlos de algas tépicas
Tua gruta de sorvedouro voraz
E clitório de concha ungida em arrebol
Nas costas de salina avelufafa
Nas ancas férteis em pescados arcanos
Nas nádegas barranceiras
No teu desejo de pororoca feroz
De repente se fez o zenite de um grito
De repente se fez o lufar de um gemido
Pois tudo era demasiademente humano.

Nenhum comentário:

Postar um comentário